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ANAIS VII SIES - ISSN 2177-1111

GRUPOS DE TRABALHO

GT 1 - SOBRE GÊNEROS E SEXUALIDADES: DESDOBRAMENTOS NAS SEARAS ARTÍSTICAS E LITERÁRIAS

Ana Maria Soares Zukoski (UEM)

Wilma dos Santos Coqueiro (UNESPAR)

O presente GT alinha-se à linha temática “Sexualidade e gênero nas mídias, literaturas e demais produções culturais” e acolherá propostas de comunicações que versem sobre as temáticas inerentes aos gêneros e as sexualidades materializadas nas mais diversas searas culturais, como a literatura, o cinema, o teatro, a música, entre outras. A pujança com a qual discursos, tidos como conservadores, têm se manifestado na sociedade contemporânea tem provocado impactos negativos no que se refere às discussões sobre gênero e sexualidade. À vista disso, torna-se premente proporcionar espaços para discutir e refletir acerca dessas questões, pois é indispensável fomentar a produção científica a fim de combater as falácias difundidas nessa onda conservadora que permeia a contemporaneidade. A arte dispõe de um papel fundamental ao conciliar sua função estética com os aspectos de resistência social e cultural. Assim, nas heterogêneas manifestações artísticas, é possível observar desdobramentos sobre as sexualidades e os gêneros, fornecendo material para a formação humana e intelectual. Discussões sobre gênero nas literaturas de maiorias minorizadas, sob a luz dos Estudos Culturais; Estudos sobre Gênero e Literatura de Minorias; manifestações sobre sexualidade na indústria cinematográfica, como em filmes, séries, documentários, iluminados pela Teoria Feminista e Queer, entre outras; estudos sobre gênero e sexualidades no teatro a partir da perspectiva da Teoria do Teatro aliada às Teorias sobre Sexualidade e Gênero são possíveis desdobramentos contemplados no nosso GT. Com o intuito de difundir discussões e reflexões, nosso GT pretende-se como um espaço de resistência e autoconhecimento, a fim de que o diálogo entre as comunicações possa contribuir com a consolidação do conhecimento científico a respeito de questões tão discutidas na seara contemporânea.

GT 2 - O CUIDADO DE SI: MEMÓRIAS E ESTÉTICAS DE UMA HOMOEXISTÊNCIA NA LITERATURA E NA ARTE 

 

Sandro Adriano da Silva (UNESPAR)

Paulo Cesar Fachin (FAG)

Foucault (1985) localiza uma “estética da existência” e seu apogeu na Antiguidade greco-romana, como a elaboração de técnicas de cuidado de si, que visavam a constituição de uma subjetividade bela. Assim, a estética da existência, sob o lastro do “cuidado de si”, representa experiências deliberadas e singularizantes de liberdade, ao ponto de serem alçadas às categorias de arte e de ética. Este GT acolhe análises e interpretações da presença (ou do apagamento) da representação de uma estética da existência pensada em termos de uma ética do cuidado de si, implicada diretamente na produção e visibilidade de novas formas de subjetivação LGBTQI+ na literatura e nas Artes. Interessa aqui, especialmente, a estética da existência, na medida em que ela é uma pragmática ética de produção de subjetividade, e como gesto eminentemente político (REVEL, 2005) e memória afetiva, corporal, dialógica, em sua dimensão de pertencimento e interioridade (RICOEUR, 2007). Em tudo, a memória constitui-se na faculdade formar uma consciência da identidade enraizada, coletiva e individualmente, no tempo (ASSMANN, 2008), como forma de garantir a sobrevivência (DIDI-HUBERMAN, 2011), pelo discurso metafórico que dinamiza a dimensão temporal como fator decisivo dos conteúdos da memória (ASSMANN, 2011). Considera-se, portanto, como um possível espraiamento do conceito de cuidado de si foucaultiano, a ideia de narrativa de si, como condição vital para as subjetividades LGBTQI+ naquilo que elas revelam de inacabamento, de invenção de “territórios existenciais singulares” (GUATTARI, 1992), em uma constante de abertura para devires-experiências de alteridade. 

 

 

GT 3 - AUTORIA FEMININA E NEGRA COMO TEMÁTICA TRANSVERSAL NA LITERATURA BRASILEIRA: FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES/AS E ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA 

 

Rossana Regina Guimarães Ramos Henz (UPE) 

Jobson Jorge da Silva (UPE) 

Considerando que a escrita acompanha a vida das pessoas do começo ao fim, personificando em cada indivíduo vivências a partir dela mesma, as práticas sociais que articulam a leitura e a produção de textos em contextos diversificados são denominadas letramento. Entre esses contextos, a literatura ocupa uma posição privilegiada porque conduz ao domínio da palavra a partir dela própria.  Por força dessa característica, o letramento literário requer da escola um tratamento diferenciado que enfatize a experiência da literatura e forme estudantes capazes de desenvolverem leituras complexas a partir de textos que os aproximem da literatura e da leitura. Entendendo a necessidade da presença  da leitura literária na vida dos sujeitos-discente para compreendermos o mundo  no qual vivemos, busca-se através dessa Proposta de Grupo de Trabalho (GT)  evidenciar propostas didáticas, pedagógicas e de pesquisa que envolvam práticas de leitura, por meio da estética da recepção, e, por conseguinte, do  letramento literário, além de questões étnico-raciais que transversalizam-se com  as questões de gênero apontando para a autoria feminina, que, por definição,  reverbera um caráter pragmático e necessário às vivências escolares. Desse modo, objetiva-se contribuir para o desenvolvimento de técnicas de estímulo de alunos/as em diversos níveis de escolarização quanto à leitura, tornando-os/as capazes de compreender a importância de tal prática e, por meio da literatura, sensibiliza-los/as quanto ao mundo e às vivências. Para tal, objetiva-se discutir autoria feminina e negra como temática transversal na literatura brasileira pelo viés da formação inicial e continuada de professores/as e estudantes da educação básica. 

 

 

GT 4 - GÊNERO, NEOCONSERVADORISMO E NEOLIBERALISMO  

 

Adalberto Ferdnando Inocêncio (UEM)  

Camila Carolina Hildebrand Galetti (UnB)

Os últimos anos, especialmente na América Latina, têm sido marcados pelo recrudescimento do conservadorismo moral, encampado em coalizões políticas de grupos cristãos neopentecostais com setores não religiosos da direita, associado ao neoliberalismo. Essas esferas tem se unido em prol de um mesmo objetivo: desmantelar o avanço das conquistas progressistas que caracterizaram a “onda vermelha” na América Latina. No âmbito simbólico, movimentos sociais galgaram visibilidade de grupos menos evidentes na democracia representativa, como as mulheres, negros, pessoas LGBTQIA+, e demais “maiorias minorizadas” politicamente. No âmbito prático, esses grupos encamparam políticas afirmativas, que se caracterizaram desde políticas públicas voltadas à saúde da mulher (a exemplo, a descriminalização do aborto), até a ampliação de temáticas curriculares que permearam o respeito aos grupos subalternos (a exemplo, o projeto Escola Sem Homofobia). Na inflexão que assinala o início desta década, contudo, as novas direitas têm se apropriado com mais intensidade da máquina estatal. A defesa de tais grupos atinam-se ao livre mercado, desta vez, somado ao nome dos “valores familiares” tradicionais, o que tem localizado os grupos sociais supracitados como inimigos políticos. Importa  sublinhar que em contextos de crise (econômica, mas também de referencial) é  recorrente a construção de uma retórica que culpabiliza grupos historicamente  subjugados pela recessão da nação, além de “demonizar” os direitos humanos,  o que tem se expressado na circulação de expressões como “feminismo radical”  e “ideologia de gênero”, para ficar nesses exemplos. Isso somado à tentativa de naturalização da moral religiosa como ética pública. Nesse sentido, a proposta  deste GT visa acolher trabalhos cujas análises se entremeiam ao atual  desagendamento das pautas progressistas (igualdade de gênero e diversidade  sexual), tanto no que tange a seus avanços, como à sua resistência: retirada de  direitos, revogação de leis e editais, apagamentos curriculares, ameaças à  laicidade do Estado, defesa da “liberdade de opressão”, descumprimento das  normas jurídicas, relação da religião e das novas direitas e ataque aos direitos  sexuais e reprodutivos.  

 

 

GT 5 - EDUCAÇÃO LBERTÁRIA E RESISTÊNCIA: PERSPECTIVAS FEMINISTAS NA HISTÓRIA E NAS ARTES

 

Patrícia Lessa (UEM)

Claudia Maia (UNIMONTES)

Para os grupos anarquistas a educação possuía um lugar central. Ao longo da História foi um meio de lutar contra o fascismo e os regimes ditatoriais. Sua concepção pedagógica está organizada em princípios de libertação, autogestão, autonomia, internacionalização, coeducação de gêneros e de classes e ação direta. Para consolidar os seus princípios, a ação direta deve possibilitar aos grupos gerirem suas próprias formas de atuação e de produção, não havendo separação hierárquica entre o trabalho manual e intelectual, a educação formal e informal proporcionam as mudanças sociais. A arte, a educação ambiental, a ecologia, o veganismo, o amor plural são percebidos como formas de resistência anticapitalista e em suas diferentes esferas entram nos debates e nas práticas feministas contemporâneas. Partindo destes princípios este GT propõe-se a dialogar com os Estudos Feministas em suas várias vertentes: libertária, vegana, ecofeminista, decolonial, negra, interseccional, animalista dentre outras. A proposta visa agregar as relações dos estudos feministas contemporâneos com os olhares e ações sobre um social plural. Manifestações artísticas, culturais, educacionais e políticas são percebidas, na perspectiva adotada, como conectadas às formas de resistência feminista, as quais são construídas a partir do olhar questionador. Nosso objetivo central é agregar trabalhos que articulem as perspectivas feministas contemporâneas na Educação, na História e nas Artes para problematizar as artes da existência, as corporeidades e as suas lutas e disputas sociais. 

 

 

GT 6 - VIOLÊNCIAS, GÊNERO E SEXUALIDADES NOS COTIDIANOS ESCOLARES: TEMAS NECESSÁRIOS EM TEMPOS DE FASCISMO 

 

Márcio de Oliveira (UFAM)

Reginaldo Peixoto (UFMS)

A sociedade brasileira tem vivido – principalmente a partir da eleição de Jair Bolsonaro (Sem Partido) em 2018 para o cargo de Presidência da República – certa potencialização da permissividade em relação à exposição de ideias e ações de práticas violentas. Aparentemente, a violência tem aumentado em todas as suas facetas, com discurso de ódio e tentativa de eliminação de quem “pensa diferente” do movimento ultraconservador. Embora a escola não seja a “salvadora da Pátria”, essa instituição tem papel fundamental na formação das pessoas, especialmente por apresentar o conhecimento científico de maneira pedagógica, planejada, estruturada, de forma a ser um processo plural, embasado em preceitos de reconhecimento das diferenças e pautado pelo respeito a todas as existências. Partindo desse cenário, o  presente Grupo de Trabalho busca reunir pesquisas e pesquisadores/as para  discussões acerca das violências (sexual, contra crianças e adolescentes, contra as  mulheres, negos/as, LGBTI+, indígenas e todos os grupos vulneráveis), relações de  gênero e sexualidades, de modo a dar voz às experiências (práticas e/ou teóricas)  voltadas ao contexto escolar, além de seus impactos sociais. Nesse sentido, incidem particularmente os trabalhos com referenciais interdisciplinares na área das Ciências Humanas, buscando ressaltar que as instituições escolares são espaços legítimos para as discussões e práticas sobre a diversidade e diferenças, sendo um ambiente favorável ao enfrentamento das mais variadas formas de violência. Esperamos realizar um amplo debate acerca dos saberes relacionados a gênero, sexualidades e violências, de modo a problematizar as questões voltadas às instituições escolares, compreendendo a escola como espaço plural de resistência aos movimentos ultraconservadores e fascistas. 

 

 

GT 7 - DIÁLOGOS ENTRE GÊNERO, SEXUALIDADE E RELIGIÃO EM ESPAÇOS PLURAIS 

 

Lucimar da Luz Leite (UEM) 

Jean Pablo Guimarães Rossi (UEM)

O nosso objetivo neste GT (Grupo de trabalho) proposto é acolher estudos de  pesquisadores e pesquisadoras das diversas áreas do conhecimento, em especial  da educação, que suscitem discussões em torno das diversas abordagens que se  articulam aos temas de gênero, sexualidade e religião, levando em consideração o  pluralismo de espaços onde tais aspectos podem ser representados e analisados,  como: escola, igreja, família, política e demais instâncias. Partimos da compreensão de que o aspecto religioso tem presença significativa desde os primórdios da humanidade e para a história da sexualidade, como instrumento regulatório dos territórios possíveis para os corpos. Consequentemente, também exerce influência sobre o(s) gênero(s) e a(s) sexualidade(s) humana. Desta  maneira, a religião é entendida enquanto um dos mecanismos de poder,  predominante na regulação, disciplinamento e policiamento do(s) corpo(s)  (FOUCAULT, 1988), corroborando a ideia sobre o quanto as relações de gênero se  constroem “na” e “pelas” relações de poder (FOUCAULT, 1988; LOURO, 1997).  Entendemos que o elemento religioso se configura como um dos meios que atribuem sentido sobre a forma como as pessoas se constroem, se reconhecem e se posicionam frente ao mundo e nos espaços em que circundam. Por outro lado, também abrangemos que as aprendizagens adquiridas pela religião também podem ser ressignificadas, proporcionado novos olhares. Diferentes estudos (LIONÇO, 2017; ROSADO-NUNES; 2015; PRANDI E SANTOS, 2015; GIUMBELLI, 2014; CAMPOS, 2015), têm evidenciado que, em pleno século XIX, a religião tem adentrado o campo da educação, mesmo este espaço sendo legalmente constituído como laico. Com isso, coloca-se em risco o (re)conhecimento da ciência, ao propagar seus valores buscando preservar padrões que, do ponto de vista histórico, tomem como referência uma educação heteronormativa. Isso interfere, principalmente, nas políticas e ações que asseguram os estudos de gênero, sexualidade e outros assuntos voltados aos direitos humanos, respeitando sua pluralidade. Pensando dessa maneira, esperamos agregar trabalhos promotores de debates em torno das relações entre religião, gênero e sexualidade, sob diferentes enfoques metodológicos e teóricos, como: Estudos Feministas; Estudos Culturais; Teoria Queer; Estudos LGBTQIA+, tangenciando os diversos  contextos nos quais estes elementos possam ser problematizados, por meio de  pesquisas históricas, bibliográficas, estudos de caso, pesquisa-ação, intervenções,  análises críticas, dentre outras.

 

 

GT 8 - EDUCAÇÕES-CIÊNCIAS-SEXUALIDADES: NARRATIVAS DO (IN)SENSÍVEL, CURRÍCULARIDADES E (BIO)GRAFIAS

Alexandre Luiz Polizel (UEL)

Cristiane Beatriz Dal Bosco Rezzadori (UTFPR)

A contemporaneidade nos convida a pensar em temas urgentes e necessários que não desvinculem as discursividades das educações-ciências-sexualidades do campo da vida, das narrativas (des)generificadas, dos circuitos dos afetos, das produções de trajetórias (de)formativas (currícularidades) e das possibilidades de deixar rastros para que Outros nos acompanhem. Este Grupo de Trabalho tem por objetivo criar um espaço de discussões acerca dos atravessamentos educações-ciências-sexualidades e das possibilidades do narrar-se, das disputas pelas currícularidades (não) escolares e das escritas de na vida – que tem sido (des)legitimadas, perseguidas e criativas. Para tal, este  GT verte-se a pensar as produções que consideram as subjetividades, relações  sociais e ecológicas a partir de um olhar pluriepistemológico dos Estudos  Culturais das Ciências e das Educações, Filosofia das Diferenças,  Epistemologias da Psicanalise-Esquizoanálise, Pedagogias Culturais,  Perspectos Decoloniais, entre outras múltiplas epistemes que contribuem para  análises da-na-sobre as culturalidades. São esperados trabalhos que versem  acerca de: i) Identidades, diversidades, desigualdades e diferenças; ii) Histórias  de vida e narrativas de si; iii) Questões étnico-raciais e territoriais; iv) Gêneros e  sexualidades; v) Educação e Direitos Humanos; vi) Estudos multiculturais; vii)  Pedagogia Culturais produzidas a partir de múltiplos artefatos; viii) Divulgação  cientifica e epistemologias das ciências; ix) Antropoceno e capitaloceno; x)  Ciência, Tecnologia, Sociedade, Ambiente; xi) Psicanalise e Esquizoanalise das nas-sobre as dinâmicas socioculturais; xii) Cibercultura; xiii) Tecnociência; xix)  Epistemologia feministas, queer, LGBT, ameríndias, étnico-raciais; xx)  Biopolíticas, Necropolíticas e Thanatopolíticas. Assim, almeja-se, por meio deste  GT, produzir um espaço de trocas, discussões, críticas e formulações narrativas  que permitam a identificação do narrar a si afirmativo, terapêutico, dos cuidados;  e das linhas de adoecimento que se instaram em meio os processos de  subjetivação e das relações de saber-poder-verdade operantes. Esta abertura temática do GT tem por relevância fazer ecoar vozes-estudos silenciados; traçar estratégias analítico-propositivas para refletir as educações-ciências sexualidades, bem como as narrativas-afetos-currícularidades-(bio)-grafias; é  espaço que busca diagnoses dos fascismos contemporâneos no campo do falar afetar-viver, sejam de suas linhas do adoecer ou de suas pulsões de resistência.  É relevante, pois busca manter-se aberto a reflexões urgentes, necessárias e sensíveis que pensam as diversificações nas dobradiças das educações ciências-sexualidades.

 

 

GT 9 - EDUCAÇÃO E SEXUALIDADES: PRÁTICAS E SABERES 

 

Tânia Regina Zimmermann (UEMS)

Adriano Rogério Cardoso (Professor da Rede Pública do Estado de São Paulo)

Este grupo de trabalho (GT) acolherá pesquisas sobre educação e sexualidades no cotidiano escolar, por meio de práticas e saberes. As pesquisas acadêmicas têm demonstrado como a educação escolar reproduz, reflete concepções sociais cisheteronormativas arraigadas, legitimam relações de poder, hierarquias, compactuam com a homo-lesbo-transfobia, estimulam a internalização do heterossexismo, da misoginia, autoaversão de jovens e adultos com desejos e identidades sexuais não hegemônicos. Sabemos da primordial importância da Educação Sexual e a necessidade de problematizar questões de gênero e sexualidades nos discursos das políticas curriculares e nos processos de formação de professores (as). Medra-se a possibilidade de reflexões, da desconstrução de preconceitos e de estereótipos generificados permitindo a formação de cidadãos críticos e conscientes em suas subjetividades. São bem-vindos no GT pesquisas e/ou relatos de experiências em educação sobre estudos de masculinidades, feminilidades, sexualidades não hegemônicas, materiais didáticos, metodologias, atuação profissional e políticas públicas para a educação envolvendo questões de gênero, educação, sexualidades contrarias ao preconceito e a misoginia.

 

GT 10 - COMO OS GÊNEROS E SEXUALIDADES SÃO REPRESENTADOS PELA CULTURA VISUAL: IMAGENS, ARTE E EDUCAÇÃO

 

João Paulo Baliscei (UEM)

Luciene Celina Cristina Mochi (UFJF)

Na contemporaneidade, muitas são as instituições e instâncias que atribuem significados às noções de gêneros e sexualidades, disputando modos, intensidades e vieses a partir dos quais os corpos são generificados e sexualizados. E nesse ponto, consideramos que, para além dos espaços institucionalizados - como os escolares, os religiosos e os familiares – há outros locais que intentam caracterizar os gêneros e as sexualidades a partir de perspectivas heteronormativas e binárias. Dentre esses locais físicos e virtuais, importamo-nos, sobretudo, com aqueles relacionados à Cultura Visual. Entende se por cultura visual o conjunto de artefatos que recorre à visualidade e, com isso, representa corpos e identidades específicas, atribuindo-lhes protagonismos, ao passo que se esquece de outros corpos, e/ou ainda, os representa de modos estereotipados, negativos e pouco complexos. Consideramos como artefatos da cultura visual as imagens conhecidas da história da Arte, como pinturas, esculturas e vídeos, e também aquelas advindas do cinema, da televisão, da publicidade, da moda, dos brinquedos infantis, dos materiais escolares, das histórias em quadrinhos, das animações, dos livros didáticos, das vitrines dos shoppings e das redes sociais, por exemplo, que, de modos diferentes, têm engendrado corpos visualmente, generificando-os e sexualizando-os a partir de formas, cores, linhas e texturas. Como os gêneros e sexualidades são representados pela Cultura Visual: Imagens, Arte e Educação? Diante dessa pergunta, convidamos você para compartilhar conosco, o interesse e a preocupação que manifestamos por analisar as imagens e por examiná-las para além do prazer estético que proporcionam (pelas cores as quais recorrem ou pelo equilíbrio que atribuem ou não em sua composição). Nesse GT propomos olhar para as imagens como artefatos pedagógicos e políticos que, como tais, não só nos ensinam acerca dos gêneros e das sexualidades, como também podem operar como reação às representações que são convencionais à sociedade machista, racista e cis-heteronormativa, problematizando-as e confrontando-as (como podemos exemplificar, por exemplo, na produção de artistas como Fábio Carvalho, Titus Kaphar, Luciana Borre, Lyz Parayzo, Nneka Jones, Sandro Ka, Juliana Notari, Élle de Bernardini, dentre outros/as). Quais corpos costumam assumir papéis de protagonismos nas novelas que você assiste? Como as famílias são representadas nas propagandas as quais você tem acesso? Há, nos desenhos animados e filmes, indícios de outras identidades, para além das que se referem a cis-heterossexualidade? E nos espaços escolares, de que maneira as masculinidades e feminilidades são visualmente acionadas, e por quais imagens? Como essas instituições separam de modo antagônico, as meninas dos meninos? Há, dentre os artefatos da cultura visual que você conhece, algum capaz de provocar fissuras aos estereótipos de gêneros e sexualidades? Essas perguntas, que podem soar como provocações à reflexão, são, também, um convite para que você compartilhe conosco suas ideias e análises sobre essa temática.

 

 

GT 11 - PRÁTICAS TRANSFORMISTAS: LABORATÓRIOS DE EXPERIMENTAÇÕES EM DESLOCAMENTOS DE GÊNERO 

 

Lua Lamberti de Abreu (UEM)  

Ludmila de Almeida Castanheira (UEM)

O presente GT aceita trabalhos em formas de relato, ensaios, experimentos artísticos e outros, uma vez que a linguagem transformista tem sido negligenciada enquanto campo autônomo do saber, mesmo nas áreas artísticas. A noção de “Drag” se popularizou, em grande parte, devido à audiência conquistada por reality shows dedicados a essa temática. O desenvolvimento de diferentes caminhos em Drag nos faz optar pelo termo “transformismo” para nomear todo processo de “montaria” e suas implicações sociais no corpo que se monta e de seu entorno. Entendemos por transformismo as práticas artísticas de emular personas, ficções, que brincam com as chamadas tecnologias de gênero, como apresentadas por Preciado (2018). Segundo o autor, estas são atravessamentos que objetivam localizar os corpos nos territórios restritos da masculinidade ou feminilidade traçadas não só como complementares, mas excludentes. Afeitas a esta limitação estão organizações como a Escola, a família, a Igreja etc., capazes de nos marcar em níveis subjetivos, fisiológicos, estéticos. A noção de Drag mais comum talvez seja a de Drag Queen, pensada como homens que desempenham personas femininas. Essa perspectiva é insuficiente e  pouco contempla os/as/es artistas que vivenciam essa linguagem de fato, a começar  pela autonomia da linguagem que, como outras práticas artísticas, não se resume ao  gênero e/ou sexualidade de quem faz. Há mulheres, corpos transgenerificados e  expressões que não respondem à ordem binária e cissexista de homem e mulher que  reclamam para si o nome de Drag, esgarçando esse campo deslocando-o do nicho gay.  Uma das muitas possibilidades de montação são os Drag Kings, historicamente negligenciados por uma estrutura social misógina. A figura King, que vem sendo descrita  em oposição à Queen, seria o corpo feminino emulando masculinidade. Noção essa que também não dá conta de todas as expressões existentes entre as/os/es próprios/as/es artistas. Outras formas de mesclar tecnologias de gênero também compõem a arte Drag.  Elas surgem colocando em xeque e em análise o que perspectivas hegemônicas e binárias produzem enquanto corpos generificados. A linguagem transformista extrapolando as caixas binárias cissexistas ilustra a potencialidade dessa prática artística enquanto disparadora de experimentações que desrespeitam, compõem expressões de gênero. Neste panorama, a linguagem transformista tem aberto campos de criação que se alimentam justamente das imposições estabelecidas pelas tecnologias de gênero.  Drags têm deslocado as identidades de gênero da narrativa biologizante de uma natureza pregressa e imutável. E reafirmado o seu aspecto artificial e socialmente construído (Butler, 2016). Uma vez que a linguagem transformista é ampla, inventiva e pirata, reforçamos que no presente GT serão aceitos relatos, performances, artigos entre outros. Interessa pensar em formas outras de circular esses experimentos e conhecimentos, sem nos ater única e exclusivamente aos moldes acadêmicos.

 

 

GT 12 - ENTRE A JUDICIALIZAÇÃO A EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS LGBTQIA+  

 

Luiz Geraldo do Carmo Gomes (UENP)

Francielle Lopes Rocha (UEL)

Em que pese o protagonismo adotado pelo Poder Judiciário no reconhecimento de  parte dos direito da população LGBTQIA+, tais como: o reconhecimento da união  estável e a garantia de seus reflexos patrimoniais e existenciais; o reconhecimento  das identidades trans, com a possibilidade de alteração de nome e gênero  diretamente no registro civil por autodeclaração; a criminalização da  LGBTQIA+fobia e a possibilidade de doação de sangue por homens gays,  mulheres transexuais e travestis, vislumbra-se, atualmente, o fortalecimento de  contramovimentos que disputam a própria narrativa constitucional e que intentam  promover uma crise de legitimação (ou legitimidade) a tais conquistas. Ademais, a ausência de amparo de órgãos internacionais, a falta de políticas públicas nacionais de amparo às vulnerabilidades sociais e humanas, e o processo de  abjetificação do outro elevam, o Brasil, a primeira posição dentre os países que  mais matam pessoas LGBTQIA+ no mundo, evidenciando a dicotomia entre a  conquista e a efetividade de direitos. Tendo em vista que o campo jurídico, por si,  não dispõe de forças para promover a ruptura de paradigmas sociais, pretende-se,  com este grupo de trabalho, refletir temas como: interlocuções entre os marcadores  sociais da diferença - tais como: raça, idade e classe social – e a efetivação dos  direitos da população LGBTQIA+; a (in)suficiência de instrumentos de tutela e  reconhecimento às diversas formas de maternidades, parentalidades e  configurações familiares; tecnologias reprodutivas assistidas e inseminação  caseira; identidades e corpos trans; a criminalização da lgbtqi+fobia e  instrumentos de efetivação; a autonomia dos corpos intersexuais, dentre outros.

 

 

GT 13 - DIVERSIDADE SEXUAL E DE GÊNERO: HISTÓRIA, CONQUISTAS E PROJEÇÕES DE FUTURO  

 

Isabela Candeloro Campoi (UNESPAR)

Erica da Cruz Novaes Gonçalves Dias (PUC) 

Os conceitos ligados à diversidade sexual e às relações de gênero estão atualmente consolidados nas diversas áreas dos estudos acadêmicos, de modo a impactarem e causarem efeitos nas lutas e pautas de diversos movimentos sociais nas últimas décadas. Entretanto, sua inserção e usos no âmbito do senso comum têm sofrido distorções, proposições rasas e deformações usadas em prol do fortalecimento de ações contrárias aos avanços das causas relacionadas aos direitos reprodutivos e sexuais. Como política reativa, foi gerada no seio do ativismo religioso conservador a chamada “ideologia de gênero”, voltada à regulação da vida social e reprodutiva da população, com perspectivas morais e de apelo à religiosidade, estabelecendo aqueles movimentos sociais como inimigos políticos. Tal reação, alicerçada em valores morais, conseguiu reunir diferentes atores, criar frentes de mobilização nas redes sociais, nas ruas e casas legislativas. Neste cenário, os direitos conquistados e as pautas voltadas às demandas das mulheres e do público LGBTQI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexos) vêm sofrendo grandes perdas e recorrentes ameaças de retrocesso. Todavia, a influência política conservadora no processo de conquista de direitos sexuais (especialmente dos direitos das mulheres) não é propriamente nova. Ela acompanha as lutas dos movimentos feministas e LGBTQI+ ao longo da História. Há tempos, frentes organizadas de resistência e de enfrentamento questionam as estruturas e o poder institucional das elites patriarcais, produzindo, progressivamente, novos valores e objetivos para a organização da vida social. A aspiração por justiça diante das opressões que repousam sobre a intolerância, a homofobia, o sexismo, a misoginia, dentre outras formas de injustiças e dominação social, são as raízes destes movimentos. Diante disso, suas estratégias de enfrentamentos se modificaram no decorrer do tempo e, diante dos diferentes contextos políticos, culturais e econômicos, novas formas de lutas, de organização e de comunicação foram desenvolvidas. No atual contexto, por sua vez, faz-se importante situar e refletir sobre as tensões dentro das diferentes esferas de poder e nas rearticulações dos movimentos de mulheres e LGBTQI+ diante de uma contrapartida conservadora inédita desde o reestabelecimento da democracia no Brasil. A partir destas breves considerações, o presente GT objetiva congregar pesquisas interdisciplinares que abarquem tais movimentos, mas também investigações que tenham como foco as questões de gênero e de sexualidade nas diversas instituições, enfim, trabalhos que, em suas diversas áreas,  modalidades e instâncias, contemplem tais temáticas, bem como os embates  entre os pressupostos de gênero e as construções sociais de masculino e  feminino. Entre avanços e retrocessos, o GT propõe um debate com vistas a projetar, coletivamente, proposições de futuro no sentido de esperançar diante de uma atualidade marcada por retrocessos e pelo protofascismo.

 

 

GT 14 - É TEMPO DE RADICALIDADES: PRÁTICAS DESOBEDIENTES NAS ARTES,  NA EDUCAÇÃO E NA VIDA  

 

Roberta Stubs (UEM)

Rafael Guimarães (UFSB/UFBA/UNESP) 

Ailton Krenak afirma que nosso tempo é muito assaz para criar ausências do sentido de viver a vida em coletividade e da própria experiência de viver. Para o autor, o capitalismo e a lógica do antropoceno produz uma espécie de humanidade zumbi, que tende a ter a “alma” preenchida por um vazio existencial e ocupada por valores de consumo e mercadoria, de expropriação da vida e pelo rapto também de nossa capacidade de imaginar futuros. É na contramão dessa ideia que o presente GT se propõem a pensar práticas desobedientes nas artes, na educação e na vida. Desobedecer é praticar a vida por linhas dissidentes, é ativar nossa imaginação criadora para além do pensamento binário e das classificações que hierarquizam e ceifam os diferentes modos de viver em sua multiplicidade heterogênea. Como tempo de radicalidades, invocamos nesse GT a necessidade de esgotar o possível como condição também de criar outros mundos no mundo. Para Deleuze, somente experimentamos o possível como  potência em sua queda e esgotamento, é nesse sentido que nos propomos aqui  a esgotar o possível e lançar o /im/possível como forca que extrai das ruínas de  nosso presente sua forca inventiva de transformação e mutação de nossas  relações e modos de viver e desejar. Tomamos como radicalidade a prática inventiva de criar no mundo outras suavidades e sensibilidades, que hackeiam a realidade para ficcionalizar a vida sobre outras bases estéticas, políticas, éticas e poéticas. Tal como aponta Preciado, falamos diretamente da encruzilhada, um local onde opostos não existem, onde as margens se encontram para invocar pedaços de horizontes. Questões relativas às dissidências sexuais e de gênero, reflexões alinhadas ao pensamento decolonial e debates feministas nas artes, na vida e na educação serão acolhidas nesse GT como forma de praticar e imaginar o mundo numa radicalidade outra. Serão aceitos trabalhos em formas de ensaios, relatos e experimentos artísticos, um modo de também praticar o pensamento em sua radicalidade. 

 

 

GT 15 - PROCESSOS SÓCIOEDUCATIVOS PARA A EDUCAÇÃO SEXUAL E DE GÊNERO NO CONTEXTO DA SAÚDE E DA EDUCAÇÃO 

 

Maria Inez Barboza Marques (NUMAPE/UNESPAR)

Silvia Marini (NUMAPE/UNESPAR)

 

A violência contra mulheres vem se constituindo em uma das pautas prioritárias a serem incorporadas por políticas públicas que sejam estratégicas para seu enfrentamento. Por esse ângulo, considera-se que a saúde e a educação estão entre as principais políticas públicas, pois essas podem contribuir para a preservação da vida das mulheres e para a construção de uma cultura para a não violência. No contexto atual, esse é o grande desafio, haja visto que o Brasil se constitue no 5º país com maior índice de violência contra mulheres no mundo. Além disso, desde 2016, com a tomada do poder por um grupo de extrema direita e o impeachment da então presidenta Dilma Roussef, assiste se no país, o crescimento progressivo da violação dos direitos humanos das mulheres e das meninas, principalmente se consideradas as variáveis: classe, gênero, raça e diversidade sexual. A compreensão das autoras deste GT, sobre o “sistema de morte em curso”, alerta para a necessidade de iniciativas, que levem à desconstrução da cultura da violência que vem se instalando deliberadamente no Brasil e no mundo. Nesse contexto, considera-se que processos sócioeducativos para a educação sexual e de gênero, especialmente no contexto da saúde e da educação são fundamentais para a desconstrução das barbáries em curso. Esse é o outro desafio, tendo em vista, por exemplo, que o teto de gastos no contexto brasileiro, alterou substancialmente o processo de geração de despesas pelo governo, que limitou o crescimento dessas por um longo período. A Emenda Constitucional 95/2016, fixou um teto para os gastos públicos nos três poderes, além do Ministério Público e Defensoria Pública da União por vinte anos. Essa medida atingiu diretamente as possibilidades de investimentos consistentes nas diferentes políticas públicas nos estados e municípios, refletindo diretamente na saúde e na educação. Assim, há que se pensar estratégias no âmbito dos municípios brasileiros e em ações que sejam desenvolvidas em seus territórios específicos, através de iniciativas de diferentes atores e atrizes (pessoas e instituições) que vislumbrem caminhos que levem à construção da uma sociedade menos desigual e menos injusta. É necessário partir do pressuposto que a violência não constrói a cultura, mas sim, que a cultura (patriarcal, machista, misógina, racista e sexista) é que constrói a violência. É preciso erguer a vóz continuadamente e repetir sempre: “nenhuma a menos” e “parem de nos matar”!

 

 

GT 16 – REFLEXÕES NO ENSINO DE CIÊNCIA E EDUCAÇÃO MATEMÁTICA A PARTIR DE  REFERENCIAIS FEMINISTAS 

Bettina Heerdt (UEPG) 

Mariana Brasil Ramos (UFSC)

As construções sociais de gênero permeiam a ciência em diferentes níveis: na participação das mulheres na ciência, nas culturas, nos processos de produção e nos resultados da ciência. As críticas feministas à ciência moderna evidenciam perspectivas androcêntricas em análises filosóficas de temas como objetividade, razão, conhecimento e racionalidade, além de proporem uma dimensão construtiva que abre espaços para programas de investigação feministas. Na Educação em Ciências, pesquisas influenciadas por estes referenciais feministas discutem o impacto da (re)produção de discursos científicos de forma acrítica, neutra, normalizadora, sexista e desigual em relação a gênero, que são provenientes de docentes, de materiais técnicos, didáticos e de divulgação científica. Assim, o objetivo deste GT é reunir trabalhos que debatam questões de gênero no Ensino de Ciências e Educação Matemática, com distintos  referenciais teóricos feministas, nas seguintes temáticas:  Participação das mulheres na construção do conhecimento científico; Feminismos e os conteúdos de Biologia, Química, Física e Matemática; Feminismos e materiais didáticos;  Feminismos e estudos teóricos;  Feminismos, práticas e formação docente;  Feminismos e intervenções escolares;  Feminismos, ciências e mídias;  Feminismos e aprendizagem de ciências e matemática; Feminismos história e filosofia da ciência.  Essa proposição busca ampliar as possibilidades, os desafios e os olhares de pesquisas e produção de conhecimentos no Ensino de Ciências e Educação Matemática, considerando as relações de gênero e a interseccionalidade, a partir de distintos referenciais teóricos feministas. 

 

 

GT 17 - ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO: ENTRE REPRODUÇÕES E DESCONSTRUÇÕES 

 

Márcia Neme Buzalaf (UEL)

Franciele Rodrigues (UEL)

Este grupo de trabalho tem como objetivo geral discutir pesquisas, em diferentes  níveis de formação e andamento, que busquem refletir sobre os meios de  comunicação enquanto espaços de reprodução e desconstrução de estereótipos  de gênero, ou seja, estudos que procurem compreender produções jornalísticas  em diversas linguagens (verbal, sonora, visual) e os seus respectivos sentidos  (manutenção e/ou transformação) frente aos estigmas de gênero. Consideramos que a abordagem da temática é relevante, pois uma das principais atuações de movimentos conservadores em ascensão por diversos países é direcionada ao ataque - via redes sociais, mídias independentes ou disputando narrativas nos meios de comunicação tradicionais - das múltiplas questões que envolvem a agenda de gênero. Compartilhamos da ideia gramsciana de que os meios de comunicação ao propor interpretações sobre a realidade social, disseminar pontos de vista, normas de conduta, integram as disputas por hegemonia, pela conquista de consensos nas sociedades e, então, exercem grande influência na formação da opinião pública. No livro “Cadernos do Cárcere - Os intelectuais. O princípio educativo. Jornalismo” (2002), Gramsci compreendeu que a  comunicação é um campo heterogêneo e, assim, do mesmo modo que é espaço  para o exercício da dominação cultural, política, ideológica (para além da  econômica) de um grupo (ou frações dele) sob outros, também pode constituir  local de “contra-hegemonia”, isto é, de elaboração de novas concepções de  mundo que venham a orientar práticas emancipatórias cuja premissa seja a  humanização da vida. Em “Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada” (2008), Goffman considerou que estereótipos correspondem às expectativas normativas sobre os comportamentos dos sujeitos e estão relacionados aos papeis socialmente atribuídos a eles. Por sua vez, no ensaio “Mídia, tipificação e exercícios de poder: a reprodução dos estereótipos no discurso jornalístico” (2011), Biroli argumentou que estereótipos constituem categorias simplificadoras ou atalhos cognitivos sobre a realidade. A perspectiva da autora complexifica a ideia de que estereótipos possam ser definidos apenas como falsificadores do cotidiano, visto que incidem sobre a construção das identidades, das relações sociais e, portanto, dos jogos de poder que compõem estas últimas. Não obstante, em “A dominação masculina” (1995), Bourdieu  compreendeu que os meios de comunicação podem levar a “somatização das  relações de dominação”, pois ao propagarem ideários do que é ser mulher e  feminilidade – expressões que vão desde comportamentos a valores - contribuem para a inculcação de tais gestos e pensamentos. Diante disso, entendendo que os meios de comunicação possuem finalidade pedagógica, salientamos a importância de conhecermos quais são as imagens construídas pelos meios de comunicação no que se refere aos estereótipos de gênero, já que estes podem fundamentar desigualdades e violências. 

 

 

GT 18 - DEBATES ÉTICO-AFETIVOS NO CAMPO DAS DIFERENÇAS: DESAFIOS E (DES)ENCONTROS NO CONTEXTO BRASILEIRO

 

Jefferson Campos (UEM)

Rodrigo Pedro Casteleira (UNIR) 

Os efeitos político-fascistas das toxicidades presenciadas na atualidade parecem ter abalado os campos dos estudos de gênero, sexualidade, corpo e racialidade no cenário brasileiro. Isso porque, os movimentos contra a inventada “ideologia de gênero”, o ataque às políticas públicas de ações afirmativas e às pautas das ditas minorias sociais, ensejados pela atual gestão política, mais do que intensificaram as assimetrias entre sujeitos marcados pelo distanciamento das instâncias imaginadas de poder. Tal processo, ratificado por uma grande parcela da população, se tornou parte dos discursos que circularam e seguem circulando pela e através das mídias e redes sociais, atingindo a opinião pública, ainda que, em muitos dos casos, a base dessas discussões sejam fakenews referentes a dados que dissimulam a realidade concreta em nosso país. Contudo, há que se apontar as contradições existentes desde antes da ascensão fascistóide na macropolítica contemporânea, a saber, os descompassos entre as dimensões ético-políticas de gênero, de sexualidade, de identidade e de racialidade e as camadas (epi)dérmicas da realidade encarnadas no cotidiano. Tais contradições constituem a relevância do debate, pois, ao serem apontadas, instituem as condições de possibilidade para que movimentos sociais, político-partidários e epistemológicos tenham vias concretas para autocrítica e ressignificação de seus posicionamentos e práticas no campo (in)tenso das diferenças. Sob tal horizonte, a proposição deste GT é um convite para a construção de (auto)narrativas escritas no que chamamos de “política de ressentimento” (CAMPOS; CASTELEIRA, 2020): espaço enunciativo a partir do qual são apontadas as limitações afetivo-políticas das/nas resistências; são rebatidas as inconsistências estatísticas concretas no campo das (narrativas de) lutas, delimitam-se as interseccionalidades do/no debate acadêmico e como essas (rel)ações geram desdobramentos nas existências, seja sob uma ação de revolta, seja pela potencialidade de mudança das estruturas histórico-sociais vigentes. Assim, serão bem-vindas propostas de comunicação nas quais os/as proponentes priorizem: (i) (des)encontros na relação entre teoria e prática acadêmico-educacional e/ou político-partidária e/ou militante; (ii) (des)conforto nas relações de luta; (iii) divergência/congruência entre dados estatísticos e estudos de gênero, raça, sexualidade e educação; (iv) relatos que ressignifiquem lugares comuns no debate interseccional no cenário brasileiro; (v) discussões sobre a relação entre ética e construção intelectual; (vi) potencialidades/ superficialidade me movimentos de resistência que perpassam pela língua, sexualidade, raça, gênero e território dentre outros desdobramentos que promovam o debate e a construção de caminhos produtivos para o estabelecimento de políticas de afeto.

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